O resumo anti-terror da nova rede social para quem está no build.
imagens: midjourney | internet
Resumo:
As principais características do Threads e suas aplicações em nosso trabalho;
Os risctos da coleta de dados e a concorrência com o Twitter;
Como pode ser útil para quem está na Web3.
Se você não está sob o regime do Talibã ou do Xi Jinping, já deve ter ouvido falar no Threads. A nova rede que o Mark Zuckerberg e o Adam Mosseri - CEO do Instagram - lançaram na semana passada em concorrência direta com o Twitter.
Qual é a real da plataforma? É bom pra gente que está no build de Web3?
Fui descobrir e te conto aqui o que encontrei.
60 vezes mais rápido que o Chat GPT
Não dá pra negar, o lançamento do Threads foi um sucesso. A plataforma atingiu 100 milhões de usuários em 4 dias. 60 vezes mais rápido que o fenômeno digital anterior, o chat GPT.
É um número alto, mas isso são apenas 5% do Instagram. Não é um exagero pensar que o Threads pode superar o tamanho do Twitter - 350 milhões de usuários - até o fim de julho.
Mas a gente fica na dúvida se a plataforma é de fato boa ou se vale a pena investir nesse canal para Web3. Além do medo de um apocalipse zumbi: "O Twitter vai morrer?" 😱
A real é que ninguém sabe como será esse futuro. Dorme com um barulho desse.
Até lá tem coisas bacanas pra gente ficar de olho.
Como funciona o Threads?
Com um design mais clean e aquele cheirinho de Instagram na iconografia a interface e dinâmica de usabilidade é como de um Twitter turbinado. Aqui as postagens podem ter até 500 caracteres - no Twitter apenas 240 - e os vídeos até 5 minutos - 2 minutos no Twitter.
Ainda faltam muitos recursos essenciais a uma rede desde perfil, como os GIFs, edição básica de imagens e até mesmo suporte às hashtags. Parece que o lançamento foi realmente adiantado aproveitando os problemas técnicos que o Twitter enfrenta hoje.
Segundo o CEO da plataforma, o feed somente com postagens de quem o usuário segue , um campo para pesquisa de conteúdo, e um botão para editar conteúdo publicado entram no ar ainda nesta semana.
Algoritmo TikTok
O algoritmo, por outro lado, mudou muito. Ao invés de priorizar contas com muito seguidores, a máquina escolhe as postagens do seu feed com base no tema e repercussão do conteúdo. Por isso, assim como no TikTok, um total desconhecido pode ter sua postagem vira alisada em minutos - ou não. Bom para perfis pequenos e iniciantes, mas diminui o poder dos grandes influenciadores.
A gente, contudo, ainda não percebe isso. O algoritmo não teve tempo de aprendizado suficiente e a experiência de tela no momento é caótica. Além disso, com o conteúdo escolhido com base nos nossos interesses, veremos muitas publicações de pessoas que não seguimos..
Conteúdo Supervisionado
A liberdade no threads tem limites, que nem na casa dos seus pais.
No Twitter liberdade foi levado a termos muito estranhos, onde perfis que apoiam a onda de massacres nas escolas brasileiras não violam as regras da plataforma e está protegido pela liberdade de expressão. Chocante, mas há quem defenda isso.
O Threads, por sua vez, investe na estratégia comercial "brand-friendly": Ambiente ideal para as marcas anunciarem seus produtos. O conteúdo é moderado e, segundo seu CEO, a plataforma não vai promover conteúdo sobre política nem notícias:
“Do ponto de vista de uma plataforma, qualquer engajamento incremental que esses materiais possam trazer não vale o escrutínio, negatividade ou riscos de integridade que vêm junto com esses conteúdos”,
Adam Mosseri destaca que conteúdos como esportes, beleza e moda, já são o suficiente para fazer uma plataforma vibrante, sem que seja preciso entrar em política ou notícias.
“A meta não é substituir o Twitter. A meta é criar uma praça pública para comunidades no Instagram que nunca abraçaram o Twitter e para as comunidades no Twitter (e outras plataformas) que estão interessadas em um lugar menos raivoso para as conversações, mas não todas do Twitter”,
Fonte: Portal InfoMoney
Conexão com Lens, Mastodon e outros
Um conceito muito bom já anunciado é a entrada da plataforma no FEDIVERSO - imagem abaixo. A grosso modo, Fediverso é a conexão entre várias plataformas que permitirá os usuários de uma rede social interagirem com usuários de outra rede em sua própria conta local. Nesse princípio poderíamos nutrientes nos relacionar com pessoas no Mastodon, no Lens Protocol ou Blue Sky. Parece que a Meta está de olho nas redes descentralizas…
O recurso deverá ser disponibilizado em breve. Enquanto isso a gente pode repostar conteúdo do Threads nos Stories e Feed do Instagram com template charmosinha, como a galera do Twitter já faz hoje, usando App gambiarra.
Coleta de Dados e sua Conta do Instagram
A privacidade de dados no threads é um piada ruim. Ninguém esperava algo diferente dos donos do Facebook e Instagram, mas o Threads é a rede com mais ampla coleta de dados dos usuários de que temos notícia até agora.
Apesar de ser uma relação quase abusiva neste aspecto, a maioria das pessoas parece não se importar com isso, haja vista os 2 bilhões de usuários que o Instagram acumula pelo mundo.
Dados do usuário coletados pelo Threads, informados na App Store.
Uma discussão até meio boba que rola na rede é sobre o cancelamento da conta. Nós acessamos o Threads pela nossa conta no Instagram. Assim, se excluirmos nossa conta no Threads, estamos também excluindo a contas do Instagram.
Na prática, contudo, ninguém é obrigado a continuar ativo no Threads para manter seu Instagram. Se não gostar da experiência, é só desativar o perfil na plataforma nova e continuar usando sua conta no Insta como antes.
A gente já faz isso sem drama para acessar o YouTube via conta do Google ou o MS Office via conta no Hotmail na Microsoft.
Dicionário do Threads
Como toda tribo, a galera do Threads também tem seu vocabulário próprio, publicado pela plataforma inclusive. Em resumo importa os termos usados no Instagram, mais tem uma pegadinha que vai gerar confusão:
“THREAD” no Twitter é um fio com várias postagens da mesma pessoa. “THREAD” no Threads é um fio com vários comentários de pessoas diferentes.
Isso denota a valorização do DEBATE acima do DISCURSO na nova plataforma. Tanto no branding quanto na interface do usuário. Se essa premissa vai valer na pratica, vamos descobrir.
Confere aqui os principais nomes pra entender a galera por lá:
AÇAO | No TWITTER | No THREADS |
uma thread | É o fio com as postagens de uma única pessoa. | É o fio com a postagem de uma pessoa e os comentários de várias outras logo abaixo. |
uma publicação | tweet | post ou postagem |
publicar algo | tuitar | postar |
compartilhar uma publicação | retweetar | repostar |
compartilhar publicação com algum comentário seu | twitter com comentário | citar |
comentar na publicação de alguém | respoder | responder / reply |
Vai matar o Twitter?
O Threads tem seus predicados, mas a treta mesmo - com direito a chilique de fanboy dos dois lados - é sobre a concorrência direta com o Twitter. Não?
Musk sentiu o baque fingindo desprezo pela ameaça e propondo concurso de tamanho da piroca - nestes termos - com a imaturidade que lhe é peculiar.
Na prática, ele e tem motivos pra ter medo.
Embora a gente receba anúncios no feed, nos comentários e até na barra de notificações, receita de anúncios no Twitter despencou após sua aquisição por Elon Musk. Com as grandes marcas querendo distância das disputas ideológicas e discurso de ódio que invadiu a plataforma, a queda na receita com anúncios atingiu 89%, com 59% apenas nos Estados Unidos. As receitas totais foram reduzidas à metade.
Além do ambiente beligerante que afasta as grandes marcas, o tráfego na plataforma sofreu quedas exporessivas, especialmente em julho de 2023.
Acessos ao domínio do Twitter de janeiro a julho de 2023 - ColudFlare.com
Por que a ameaça é real?
Estes problemas se acumulam nos últimos meses, mas a verdade é que o Twitter não tinha competidor no mercado até agora. Opções interessantes como Mastodon, Lens Protocol, Blus Sky e o tão hypado Koo não fizeram frente ao Twitter porque elas não têm as 3 caracteristicas essenciais a uma rede seja bem sucedida:
Público: Se as pessoas não estão numa rede, a gente dá um oi e vai embora. Como no Koo e no Lens.
Infraestrutura: Se a rede vive bugada - como o Blu Sky neste período beta - o público vai em bora e não se consolida.
Dinheiro: Se a rede não consegue gerar receita substancial para manter suas operações, ela se torna insolvente e fecha.
E o Threads tem os 3.
Tem a base de público do Instagram junto aos ídolos e influencers que mobilizam o público, tem a expertise tecnológica e a Meta ostenta o único modelo de negócios realmente rentável para mídias sociais hoje - as outras todas até alcançam bilhões em receita, mas sofrem com custos da mesma monta e “trocam cebola” grande parte do tempo.
Por isso, pela primeira vez o Twitter corre sim o risco de morrer frente a concorrência.
Mas pega leve no chilique porque ninguém ali nasceu ontem e os dois times têm muito cartucho pra queimar nessa disputa. E mesmo que o Twitter ou o Threads morram, isso não acontece por decreto. A plataforma vai se esvaziando, lentamente, até ninguém mais se lembrar dela como aconteceu com o Orkut, o My Space e o Google +.
Threads para a Web3?
Aceite uma verdade: Ninguém sabe como termona nessa briga. Nem você.
A parte boa é que os usuários são quem normalmente ganha com a concorrência. E como os dois lados são igualmente cruéis ao extrairdinheiro da nossa atenção, pagar de fanboy nessa luta é uma forma chique de bancar o mané.
Onborading a um Novo Público
O público “raíz" da Web3 está hoje no Twitter, isso é muito bom pois nos encontramos facilmente num único local e ainda batemos altos papos toda noite nos Spaces. É lindo.
Ao mesmo tempo que nos une, isso também nos isola, restringindo o debate e impondo barreiras para todos que estão no build e precisam furar esta bolha.
No planejamento do Rio Frenz, por exemplo, descobri que uma parte essencial do meu público está fora da Web3 ainda. Como muitos outros projetos, em algum momento eu terei que alcançar estas pessoas. Hoje elas estão no Instagram, só que o conteúdo “lacrado" em imagem e vídeo é muito restrito, de produção cara, lenta e com um fit terrível para o discurso ágil e descolado da web3.
Neste aspecto, o Threads desponta como uma mão na roda para os builders pois reúne a agilidade da comunicação no Twitter com a audiência gigante do Instagram.
Centralização
O caráter altamente centralizado do Threads é contrário à prórpria filosofia da Web3.
E isso é PÉSSIMO. Contudo o Twitter é ainda mais centralizado e pior neste aspecto.
A sinalização do Zuck ao Fediverso indica que ele pretende conectar o Threads a outras redes descentralizadas, o que é muito bom. O Twitter, por sua vez se isola a cada dia mais, passando inclusive a cobrar pelasua API de acesso, que antes era gtratuita - comentáios nos Twitter não podem aparecer nas suas lives do You Tube, por exemplo, a menos que você pague por isso.
O uso de dados dos usuários nas duas redes é um horror para as padrões e valores da web3.
Beleza. Mas o conteúdo, é bom?
Qual é a vibe da plataforma?
Deste ponto, é meio leviano a gente tratar agora... Isso precisa de tempo para se consolidar.
Nesta primeira semana o feed está um caos, com postagens aparentemente aleatórias e um monte de gente tentando ser simpática para coletar o maior número de seguidores possível.
A parte boa fica com o número gigante de pessoas da Web3 que conheci e estão fora do meu círculo no Twitter, os grandes influencers que te ignoram no Twitter te respondem no Threads e, SIM, os memes são bons!
@jeremyynft
E quanto à você?
Como estas mudanças afetam seu projeto?
De fato, a gente não sabe onde essa briga vai dar. Mas negligenciar um canal como o Threads ou próprio Twitter, para nós como profissionais da Web, não é muito inteligente.
Saiba Mais sobre Rio Frenz
Saiba mais em www.RioFrenz.com.
Siga-nos no Medium.
Comments